EVOLUÇÃO DAS POLÍTICAS DE SAÚDE DA MULHER...Um assunto bastante interessante

A  Evolução das Políticas de Saúde da Mulher foi o tema de minha primeira  aula na especialização, então achei interessante começar falando sobre  este.
A  saúde da mulher no Brasil, foi incorporada as políticas nacionais de  saúde nas primeiras décadas do século XX. Nos anos 30, 50 e 70 os  programas materno-infantis tinham uma visão limitada sobre a mulher, com  base apenas em sua característica biológica sendo seu papel social de  mãe e do lar. Posso citar como exemplo o Programa Nacional de Saúde  Materno-infantil, elaborado em 1974.
Nesse  período, o compromisso desses programas limitava-se as demandas  relativas a gravidez e ao parto, mas com interesse específico na  criança. Algumas análises demonstram ainda, a preconização desses  programas as ações materno-infantil como estratégia de proteção aos  grupos de risco e de maior vulnerabilidade, como era o caso de crianças e  gestantes. 
Uma  outra característica era a verticalidade e a falta de integração com  outros programas, resultando assim, em uma assistência fragmentada. O  movimento feminista criticou esses programas por conta da forma  reducionista com que tratavam a mulher, que só tinha acesso a alguns  cuidados de saúde no ciclo gravídico-puerperal, ficando a maior parte da  vida sem assistência.
As  mulheres organizadas argumentaram que elas tinham outras necessidades e  problemas próprios de sua condição feminina, reivindicaram sua condição  de sujeitos de direito com necessidades que extrapolam o período de  gestação e parto, exigindo ações que lhes proporcionassem melhora das  condições de saúde em todo ciclo de vida, e com forte atuação no campo  de saúde contribuíram para introduzir ações até então relegadas a  segundo plano.
Com  a análise das propostas o Ministério da Saúde elaborou em 1984, o  Programa de Assistência Integral a Saúde da Mulher (PAISM) que incorpora  como princípios e diretrizes a descentralização, hierarquização e  regionalização dos serviços, bem como a integralidade e equidade de  atenção.
O  PAISM incluía além da assistência ao Pré-natal, Parto e Puerpério,  ações educativas, preventivas, de diagnóstico e tratamento, bem como  assistência a mulher em clínica ginecológica, no climatério,  planejamento familiar dentre outras necessidades identificadas a partir  do perfil populacional das mulheres. Aqui, passa-se a considerar a  população feminina com um novo perfil epidemiológico, o que significa  dizer que a mulher não morre apenas de causas obstétricas diretas  (aborto, hemorragia, infecção).
Entretanto,  esse programa não abrange todas as ações previstas nos documentos que  norteiam a Política de Atenção Integral a Saúde da Mulher, que a partir  de 2003 passa a contemplar segmentos da população feminina ainda  invisibilizados e problemas emergentes que afetam a saúde da mulher.
Hoje,  o PN/AISM tem como compromisso a implantação de ações de saúde que  contribuam para a garantia dos direitos humanos das mulheres e, redução  da morbi-mortalidade por causas previníveis e evitáveis, tendo como  publico alvo não apenas as mulheres em todo ciclo de vida mas também  atenção as mulheres rurais, com deficiência, as negras, indígenas,  presidiárias e lésbicas. Incorporando ainda, o enfoque de gênero,  direitos sexuais e violência doméstica e sexual, reforçando a visão de  integralidade da assistência prestada as mulheres.
Meus comentários sobre o tema:
Particularmente  achava bem chato ter que estudar essas políticas. Como uma amiga  costuma dizer, eu ainda não estava evoluída o suficiente para entender a  essência do assunto! E eu acho que é verdade!!! rsrsrs. Mas professora  Tyrrel conseguiu "incutir" (como diz a Vivi) as políticas em minha  cabecinha.
Bem,  brincadeiras a parte... vamos ao que interessa. O texto expressa bem o  compromisso com a mulher em cada período. Durante as décadas de 30, 50 e  70 a mulher era vista como "objeto da reprodução", ou seja, o  importante era o cuidado durante o ciclo gravidico-puerperal sendo o  Pré-natal, parto e puerpério a atividade principal do programa. Com a  criação do PAISM em 1984, ela passa a ser o "sujeito da reprodução",  tendo nesse período o direito de assistência em todo ciclo de vida. Em  2004, com a criação do PN/AISM, a mulher passa a ser "sujeito da  cidadania", é vista como cidadã com direitos de saúde reprodutiva,  sexuais, escolha da assistência que deseja, tipo de parto, presença de  acompanhante, aos quais não eram contemplados anteriormente. 
Um  outro fator foi a mudança nos indicadores de morbi-mortalidade, sendo  este, importante para avaliar as condições de saúde de uma população.  Índices de morbi-mortalidade elevadas são indicativas de precárias  condições socioeconômicas, baixo grau de informação e escolaridade,  violência familiar e dificuldades de acesso a serviços de saúde de boa  qualidade. Pois como foi citado no texto, a mulher não morre apenas por  causas obstétricas diretas, e graças a mudanças no perfil epidemiológico  podemos identificar as causas indiretas próprias também do mercado de  trabalho onde ela está inserida, e não somente no ciclo gravídico  puerperal. Dentre as causas indiretas posso citar as doenças crônico  degenerativas, cardiovasculares, os transtornos mentais, câncer  cérvico-uterino entre outras que vão mudando de acordo com o perfil de  cada população. No ano de 2003 passa-se a contemplar também, a atenção a  segmentos da população feminina que eram invisibilizados, como o caso  das mulheres rurais, com deficiência, presidiarias, indígenas, lésbicas e  as negras. 
Foi  exatamente o que eu quis expressar com a figura desta postagem, todas  são mulheres, independente do período de vida, da cultura, raça, opção  sexual e portanto, como cidadãs todas tem o direito a uma assistência  integral e de qualidade.
Fonte: 
Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Integral a Saúde da Mulher. Princípios e Diretrizes. Brasília 2007
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